Ah... vou penar
Se for preciso rigidez ao coração
Melhor abdicar
Se for esperar passos firmes das pernas vacilantes
Prefiro adiar
Se essa melodia depender do meu tino
Melhor desafinar
E se de calma for preciso
Me ponho a desesperar
E se a espera for tão longa
Mais fácil adiantar
Mas se o muro for tão alto
Desisto de pular
E se a fuga for à noite
Espera madrugar
E se não houver luz no fim do túnel
Melhor não arriscar
E se ela não quiser vir
Prefiro não pensar
E se eu me perder enfim
Por ela valerá
Ah... vou pensar
Se ser poeta é minha sina
Melhor me castigar
Se os que leio sofrem nessas rimas
Prefiro me apartar
Pois já no sofrimento que vivo
Não sei suportar
Serei sugado pela morte
Por viver a buscar
O intenso desfecho de felicitar
Olhando num espelho
E congratular
Minha face em gracejo
Por se contentar
Estando o peito a me confrontar
A quem de direito irei reclamar
Se coisa sem jeito
É o indivíduo gostar
Da mulher que vive a se esquivar
Quão doce ilusão é me imaginar
Estando contigo em qualquer lugar
E nada pudesse nos atrapalhar
E a fome que desse fosse de amar
E a sede que desse fosse de beijar
E o frio que desse a mão fosse esquentar
E o calor que desce fosse de queimar
A queimadura que desse a boca ia aliviar
E a flor que eu te desse fosse ali selar
Esse sonho de amar e jamais represar
E com todas minhas rimas presentear
Aquela menina com medo de amar
A doce cantiga e se apaixonar
Perder-se pelo poeta que vive a penar
Que seja da vida eu perder o ar
E a morte furtiva venha me abraçar
E a vida vivida fosse se acabar
E a que seria contigo não realizar
Todos os meus versos iam se apagar
E nada desse tempo iria ficar
E todas as memórias a se dissipar
E os anjos em lamentos por nada vingar
Que Deus me ampare quando eu for chegar
E que me abra os portões do meu novo lar
E a recompensa eu receba por lá
Dos meus sofrimentos que tive por cá
E que regozijo será contemplar
Aqueles meus versos em tinta azular
Nos murais dos servos que souberam amar
Por misericórdia que conste os meus lá
E enquanto tu vives vou te esperar
E quando chegares nesse dia sem par
O plano celeste saiba apreciar
Aquela que o Divino resolveu usar
Para este poeta poder se inspirar
E fazer esses versos e poetizar
E que caiam como chuva a abençoar
Os viventes dessa terra com medo de amar
E o cristo-poeta jamais precisar
Sofrer por mais nada e poder deitar
in omne aeuum...
"Para todo o sempre" Perfeito!
ResponderExcluirQue espetáculo. Complexo, intrigante e...e...sôfrego!
ResponderExcluirE eu que achava que usar sempre o verbo no infinitivo não traria riqueza ao poema. Vendo o que você fez, digo que foi ótimo eu estar errado!
Parabéns, Rodrigo! (novamente)
vou sambar esse quando aprender a tocar violão haha
ResponderExcluir