quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Silêncio

Não existe poesia mais tocante que o silêncio de um coração que ama.
Se o poeta é de coração ferido,
no peito faz-se a obra mais perfeita.
Diz-se o que nunca foi dito.
E nas folhas finas de uma alma abatida,
o peito-poeta deita as letras lentamente em suas linhas.
Numa calma e perícia de quem aprendeu lidar muito mais com a morte de cada dia,
que com as ilusões da vida.
A obra mais perfeita é a obra muda.
É a obra que não se manifesta em palavras.
É a obra calada que brada e chega a alcançar os calcanhares de Deus,
que por misericórdia de um poeta, inclina os ouvidos e a recebe.
Encontra na essência da obra, em meio a mágoas, dores, temores e lágrimas,
a si mesmo.
A poesia do peito é um clamor por salvação.


Silêncio.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Não um poema. Um trecho.

Sabe?! Acredito haver pessoas que são pontes.
Ligam pessoas, coisas, circunstâncias...
Acredito ser um desses.
Talvez eu seja alguém que não seja o fim de alguém.
Talvez eu não seja o destino de alguém.
Talvez eu seja uma passagem.
Um estágio.


Pode ser que eu seja trafegável. Não seja estacionável.
Pode ser que eu seja transitório. Não seja perpétuo.
Pode ser que eu seja provisório. Não permanente.
Pode ser que eu seja um abrigo. Não uma casa.
Pode ser que eu seja um ponto. Não a estação.
Pode ser que eu seja “um”. Não “o”.
Pode ser que eu não seja. Eu esteja.
Pode ser que eu não more. Eu me hospede.
Pode ser que eu não seja uma viagem. Eu seja um passeio.
Pode ser que eu não seja um descanso. Eu seja uma pausa.
Pode ser que eu não seja uma Novela. Eu seja uma Mini-Série.
Pode ser que eu não seja um sonho. Eu seja uma lembrança.
Pode ser que eu não seja um filme. Eu seja um curta.
Pode ser que eu não seja uma música. Eu seja vinheta.
Pode ser que eu não seja um livro. Eu seja um folheto.
Pode ser que eu não seja uma foto. Eu seja um rabisco.
Pode ser que eu não seja férias. Eu seja folga.
E em nada disso há menosprezo.
Porque se sou isso, serei o melhor isso de tudo isso na vida de alguém.
Quantas vezes for preciso.
Até o fim.

Amor Fundamental e Médio.

Se é Química, a fórmula das nossas ligações covalentes e a divisão atômica de elétrons radiantes, apaixonadamente iônica, percorre fluídos dos nossos metais no momento do encontro, confesso, ficam minhas molaridades trêmulas, desejosas de somas e divisões.

E se na Biologia nos entrelaçamos em azinhos e azões, beijinhos e beijões. Nossa cadeia alimentar é à base de tua carne na minha e a minha na tua, nuas. Eis a perpetuação da nossa espécie. Num evolucionismo do amor e num criacionismo da vida soprada nas narinas de um novo homem, que sou.

Se é coisa da Língua, a sintática sintética verdade objetiva e direta, seria: Eu te Amo. E mesmo que pareça transitivo, meu período é composto por subordinação ao sentimento mais puro. E adverbial de causa porque é de verdade o que digo. E consecutiva. Amo tanto que me ponho a escrever muito.

Mas, se é coisa da Arte, meu sentimento é rupestre. Ainda é rabisco no que diz respeito ao tempo. Ainda crescerá, mas já se mostra beirando o Romantismo extremo. No calor da vontade, é ávido ao Naturalismo. No frio da distância é Abstracionista. No sonho de te ter só minha é Futurista. No encontro do beijo, é Surreal.

Se for Matemático, não sei. Nunca fui bom em exatas. É capaz de cairmos em dízimas periódicas. Não saberei mais nada, além de nossas potências nos contatos e equações de segundo grau. Matriz minha, do amor. Se não houver correspondência, o meu problema será ser um conjunto vazio e não estar contido no teu universo. Deixado de lado, tu sendo o seno e eu a tangente.

Se for Física, que nossas massas em repouso saiam do ponto A ao ponto G numa velocidade constante e que finde nossos vetores em ápices por segundo, na hora H.

Se for Sociológico, lógico, o amor será socialista dividindo prazeres em partes iguais. Ao passo que seremos propriedade privada um do outro. Um relacionamento dialético.

Se for Filosófico, meu amor será sem sofismas. E jamais será Platônico.

Mas desejo do fundo do meu coração que seja Histórico. E pra sempre.

Mas se for recreio, melhor ainda. Em 15 minutos consigo algo. Pelo menos o suficiente pra te fazer querer mais no fim dos tempos de hoje. Deus queria que saiamos cedo! Para termos mais tempo de revisar nossas matérias.

Não tiro da cabeça a tua formatura, criatura. E não vejo a hora dos estudos para o Vestibular.
Revisões e revisões. Cursinhos, reforços e aulões.
Que o fôlego não falte. Pois depois disso, na Universidade, escolherei um curso qualquer que tenha Anatomia. Aí os estudos serão com mais intensidade.