sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Carnal

Rasante
resvalo
em teu peito

Fino,
separa-nos um fio

O espaço - pouco
Teus pelos - claros
A face - leve
A noite – curta
As mãos - a ponte
Teu seio – aponta
Teu jeito – e porte

Compreendo a linguagem da tua massa
Teus abalos, os tremores da tua terra
E a firmeza do teu beijo

Sei tudo o que dizes
Até quando não dizes

E calmo,
me mantenho

Na sondagem da estrutural formatura
Na tontura da escultural curvatura
No infindável louvor da formosura
Da imagem do amor e sua lisura
que deita
e beija
As minúcias da fraca musculatura
As sacras imagens nos olhos, a iluminura
As mãos calejadas desta pobre criatura
que te quer
e te ama
E sabe mais do que te fazer mulher
E muito mais do que os atalhos da cama
Te sabe tanto no trato selvagem,
quanto no cuidado de dama
Sabe rodear-te em cortejo
E sabe beijar o teu beijo
E o coração
Sabe tocar o teu corpo
Tocar teus sentidos
E em seguida,
canção.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Inflamável

Ei,
me consuma
me desgasta
me esgota
me acaba

Ei,
me abata
me mata
me farta

Ei,
me tortura
me toma
me cala

Músculos,
tendões
e poros
salientes

Abrasando
no perigo inflamável
do encontro dos corpos

E a língua como o fósforo
em arrasto faiscante
no campo da tua pele

Incendeio

E que queime até o limite suportável da dor
E que se alastre até o limite insuportável do limite
E que só se apague no surgimento de outra labareda

Ei,
me rescalda
me acalma
me abranda

Ei,
me pacifica
me tranquiliza
me adormece

Ei,
me silencia
me abraça

e dorme comigo.