sexta-feira, 4 de março de 2011

Cria

Hoje a saudade não me escapa
Hoje tem hora marcada
A saudade terá fim
Amarrarei um laço nela
Darei golpes de fivela
Amassarei tampa de panela
Se bobear
Arrisco um chute de trivela

E lá vai ela

Quica, Saudade!
Quica!

Hoje esmago essa saudade
Hoje nenhum pingo de bondade
Nem caldo da caridade
Hoje nem escuto
Nem falo
Hoje a saudade desce pelo ralo
Vou matar sem piedade
Não pedirei nem resgate

E lá vai ela

Sangra, Saudade!
Sangra!

Sangra, que a morte é o que há de certo
Até o nascimento doutra
Até fingir-se pouca
Em minha eterna triste sorte
De ser criadouro das tuas criaturas
De sempre ver tuas nascituras
E me fazer crer que um dia há de morrer
A última cria tua


Nasce, Saudade!
Nasce!

Morre, Saudade!
Morre!

2 comentários:

  1. morre, nasce, morre, nasce saudade...
    clap clap clap clap (palmas com todos de pé pra sua poesia)

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  2. Ótimo texto, ótimas rimas, de uma sonoridade invejável. Parabéns, Rodrigo! ;)

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