sábado, 16 de abril de 2011

oposto

É a morte e a vida
A dor e o gozo
O liso e o grosso, a aspereza na pluma
O forte, o muro, a cerca
É o seco e o encharcado
É o murro e o afago
A flor e a foice

É assim a dor e o amor que sinto
Bem querer e rancor
É o vingar-se
Morrendo de vontade de amar
É a raiva
A sede de hostilidade
E o desejo de cobrir-te de abraços
E dizer que te perdoo
E dizer-te: nunca mais
E querer o pra sempre
E te desejar toda paz
Querendo a guerra
Pra que te sangre a alma
E assim grites meu nome
E eu te receba na mais fina calma
Ou te ignore com brutalidade enorme

É doce
E é azedume
É ácido
É levemente corrosivo
Ao passo que se mostra construtivo
É perfume. É aroma
É essência. É lavanda
É o resto. É o lixo
É o podre. É a lama
É um pé de uma fruta qualquer
É a praga que mata lavoura
Empobrece. Enobrece
Vem e vai
Some. Cresce
Envelhece
Rejuvenesce

Canção que me chega grito aos ouvidos
Quero o teu fim
E o teu início
Que seja em mim
Que seja eu o fim da tua linha
E que eu seja a ponte
E o precipício

Que se apague
Que se grave
Pois é de se considerar trágico
E de pra sempre se orgulhar

4 comentários:

  1. PQP!!!!!

    "Quero o teu fim/E o teu início/Que seja em mim/Que seja eu o fim da tua linha/E que eu seja a ponte/E o precipício"

    Todo poema é ótimo, mas esse trecho especificamente é magnífico!!!

    Parabéns por mais uma obra-prima. Abs.

    ResponderExcluir
  2. Bah, ducaralho...
    Já senti isso também... (apaga)
    O que vou dizer é pouco, mas enfim... muito bom!!

    ResponderExcluir
  3. engraçado do 'oposto' é que ele começa frouxo e depois vai apertando. muito bom esse, tinha passado despercebido hahaha

    ResponderExcluir