segunda-feira, 7 de abril de 2014

A Rebelião na Cozinha

A faca, o prato e o filé
Mandaram avisar a comunidade do talher
Que na sociedade não dependem de colher
E que o garfo só garfa quando quer
O prato raso mandou até avisar
Aguenta sopa e o que mais inventar
A colher de café gritou lá do armário
Que não vê razão pra mais um inventário
A sobremesa tremeu na base
Era gelatina, taça da felicidade
Pensou pra onde foi toda aquela novidade
Era concha e espátula de toda cor e qualidade
Na era do silicone recalcaram-se os inox da tradicionalidade

Aquela cozinha era só barulho
Panelas aliaram-se às colheres no murmúrio
Batiam-se no tumulto como numa mini Argentina
As bocas do fogão gritavam a ladainha
E acenderam o fogo da revolta na alma da cozinha
Os armários abriram suas portas
Saltaram de lá pratos como ninjas
No chão se espatifaram sangrando azeite de oliva
A mesa vibrava, o saleiro chorava as lágrimas mais salgadas pela briga

Até que rapidamente dois panos de prato
Subiram nas vassouras no topo de seus cabos
Gritaram tão alto que todos calaram
Como bandeiras da paz então proclamaram
- Silêncio, cozinha! Os humanos chegaram!
Gavetas e portas então se fecharam

Pressão da panela, suava o fogão
Era suspensa a ameaça de rebelião
E como num passe de mágica voltaram aos seus postos
Era o grande momento de pratos e copos
Talheres, travessas, potes e jogos
A cozinha calou pra atenderem ao propósito
Servir de utensílio para refeição
E diante dessa poesia nos fica a lição
Apesar dos discordes cumprir a missão.


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