Deus, escrevo-te não
por incapacidade de com a boca dizer o que sinto,
ou por incredulidade na
presença constante do teu espírito.
Sei que és presente
até quando eu não quero.
Sei que me ouves até
quando não digo.
Escrevo-te não por
querer gerar um documento que sirva como testamento de que pedi,
e posteriormente fui
atendido,
como uma nota fiscal,
um recibo.
Escrevo-te não só
para que minha oração rabiscada vire obra desejada.
Mas também para que ao
ser lida, seja prece duplicada.
E talvez logo atendida.
Deus, escrevo-te não
por exibição.
Não para pôr à prova
a minha coesão.
Não para tonar pública
a minha confissão,
mas escrevo-te clamando
por interseção dos que me lêem,
e compaixão dos que me
chamam de irmão.
Escrevo-te, meu pai,
não por querer uma simples resposta,
não por querer uma
resoluta posição.
Mas escrevo-te, meu
Deus, muito mais por não saber o que fazer,
depois de tentativas
inúteis visando conclusão.
Temo ter falhado
miseravelmente na missão como cristão.
Deus, escrevo-te não
por ter fé, mas por tê-la perdido.
Sendo este aqui seu
último suspiro.
Escrevo-te prolixo,
escapando ao objetivo,
mas não por medo do
teu silêncio,
mas por temer o teu
juízo.
ficou lindo!
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