domingo, 3 de junho de 2012

Testificado


Deus, escrevo-te não por incapacidade de com a boca dizer o que sinto,
ou por incredulidade na presença constante do teu espírito.
Sei que és presente até quando eu não quero.
Sei que me ouves até quando não digo.
Escrevo-te não por querer gerar um documento que sirva como testamento de que pedi,
e posteriormente fui atendido,
como uma nota fiscal, um recibo.
Escrevo-te não só para que minha oração rabiscada vire obra desejada.
Mas também para que ao ser lida, seja prece duplicada.
E talvez logo atendida.
Deus, escrevo-te não por exibição.
Não para pôr à prova a minha coesão.
Não para tonar pública a minha confissão,
mas escrevo-te clamando por interseção dos que me lêem,
e compaixão dos que me chamam de irmão.
Escrevo-te, meu pai, não por querer uma simples resposta,
não por querer uma resoluta posição.
Mas escrevo-te, meu Deus, muito mais por não saber o que fazer,
depois de tentativas inúteis visando conclusão.
Temo ter falhado miseravelmente na missão como cristão.
Deus, escrevo-te não por ter fé, mas por tê-la perdido.
Sendo este aqui seu último suspiro.
Escrevo-te prolixo, escapando ao objetivo,
mas não por medo do teu silêncio,
mas por temer o teu juízo.

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